domingo, 4 de julho de 2021

O LIDADOR

      Hebdomadário Político, Noticioso e Comercial - Entrou em circulação no dia 12 de junho de 188081, mas o primeiro número avistado foi o 5º, datado de 10 de julho, publicando-se semanalmente. Formato médio, com quatro páginas a quatro colunas de composição. Propriedade e direção de José de Oliveira Maciel do Rego Barros. Tabela de assinaturas: ano - 10$000; semestre - 6$000; trimestre - 3$000, mediante pagamento adiantado. Ainda constou do expediente: “Anúncios - 80 réis a linha; para assinantes, grátis. Publicaremos o que se convencionar”. Tipografia própria, funcionava à rua Imperial, 74.

          A edição inseriu editorial, artigos de Antão Borges Alves e A. Bernardino e discurso de José Maria de Albuquerque Melo, tudo versando sobre a hecatombe de 28 de junho, ocorria na cidade. A quarta página só comportou reclames comerciais.

          Não existe coleção completa d’O Lidador, referente aos primeiros anos de sua publicação. Após a edição em apreço, a seguinte encontrada foi o nº 17, ano III, de 12 de julho de 1882. Ocorreu ligeiro período de suspensão, consoante a seguinte notícia do Diario de Pernambuco, de 30 de maio de 1883: “Reapareceu na imprensa desta província, O Lidador, semanário que se publicava na cidade da Vitória e que havia interrompido sua publicação”. 

De 1884 restam comprovantes dos nºs 19, de 10 de maio, e 23, de

Nota  A estréia do periódico, que se tornou o mais antigo em circulação no interior do Estado, foi assim registrada pelo Jornal do Recife, de 19 de junho de 1880: “Na cidade da Vitória, sede da comarca de Santo Antão, apareceu, no dia 12 do corrente, o primeiro número d’O Lidador, hebdomadário político, noticioso e comercial, destinado a defender e propagar as idéias do Partido Conservador, do qual é órgão naquela localidade”.

agosto, no primeiro dos quais (custo do exemplar: 240 réis) escreveu o editorialista que “a nossa Assembléia” jamais decretara uma lei útil ao povo pernambucano. Agora, acentuou, cogitava “de um projeto que importa na liberdade - forçada dos escravos e o cativeiro dos seus senhores”

      Mais quatro números acham-se arquivados, de 1885, ano em que começou O Lidador a incluir, no cabeçalho, os slogans: “Ordem e Liberdade” e “Verdade e Justiça”.

         Foi possível verificar, através das edições de 31 de julho e 2 de agosto de 1886, que o periódico admitira a inserção de folhetins, continuando a manter amplo noticiário miúdo, a “Seção Livre” e boa parte de anúncios. 

Lia-se a 8 de janeiro, primeiro número de 188782: “Após alguns dias de repouso, voltamos ao sublime sacerdócio da imprensa”, acrescentando que alimentava os mesmos princípios políticos, desejando “mil venturas” no ano iniciado. Quase uma página foi ocupada por longo poema de José Cupertino dos Santos Meira.

    Outros comprovantes avistados: de 18 de maio de 1887; de 16 de junho de 1888; de 25 de maio de 1889, do qual constava: propriedade e redação de Pedro de Albuquerque; de 28 de novembro de 1891: idem, aparecendo o primitivo diretor, Oliveira Maciel, na qualidade de redator, ainda mencionado na edição de 27 de fevereiro de 1892 .

  Passou para o número de 17 de agosto de 1895, já transferidas a tipografa e redação para o nº 74 da mesma rua Imperial, que depois se chamaria rua Conselheiro Correia de Araújo. 

  Três exemplares restam de 1897, o segundo deles datado de 21 de agosto, lendo-se no expediente: Redadores: José de Barros de Andrade Lima, Leonardo de Carvalho e Pedro d’Albuquerque, o proprietário.

De 1898 guarda-se a edição de 4 de junho; e de 1899, a de 30 de setembro. Deixara de figurar o corpo redacional, só ficando o nome de

Nota  Comprovante só existente em poder de Francisco Rodrigues, odontólogo recifense, que o guarda, zelosamente, entre as preciosidades de sua coleção dc documentos antigos. 83 Aconteceu, então, inexplicável lapso tipográfico, que viria a provocar, dezenas de anos decorridos, séria confusão: depois do ano XI/1891, passou a cogitar do cabeçalho: ano XV/1892, em lugar de XII, sem que jamais se corrigisse o erro.

Pedro d’Albuquerque, na qualidade de diretor-proprietário.

          No ano em que findou o século, continuando no subseqüente, O Lidador (números esparsos) criou um serviço telegráfico e, através de editoriais bem traçados, defendia o prefeito e o Conselho Municipal, de criticas do semanário A Victória, redigido por Gonçalves da Rocha. 

       O primeiro exemplar manuseado, correspondente ao ao de 1901, foi datado de 9 de fevereiro, vendo-se substituido o slogan do cabeçalho pelo seguinte: “Ordem, Fraternidade, Progresso, Liberdade e Justiça” que, todavia, só permaneceu até o ano seguinte. Restam outros, segundo os quais O Lidador obedecia à orientação politica do Partido Republicano, chefiado pelo Conselheiro Rosa e Silva. Apresentava matéria geral variada, inclusive parte econômica e seção de Teatro, já elevada para duas páginas a quantidade de anúncios. Sua meta principal foi a propaganda dos candidatos situacionaistas a prefeito e sub-prefeito do município às eleições de 25 de julho: Manuel Tavares de Lima e Nestor de Holanda Cavalcanti, que foram eleitos e empossados a 15 de novembro, consoante cobertura noticiosa do dia seguinte.

           Prosseguiu, divulgando atos oficiais, rara colaboração de Urbano Duarte, Ribeiro da Silva, Albino Martins, poeta J. de Oliveira Melo, Joaquim de Holanda, etc. Manteve correspondente na cidade de Bezerros, que se assinava Jandir, às vezes Lucas e, já em 1907, era Luiz Beltrão. A partir de 1908, contou com a colaboração da professora Francisca Izidora, cronista e poetisa de mérito. 

      Ao principiar 1909, a edição de 2 de janeiro apôs no cabeçalho: Henrique Lins - redator-chefe; Joaquim de Holanda - secretário, lendo-se no editorial: “O Lidador apresenta-se com as mesmas vestes de muitos anos anteriores, mau grado as suas finanças, pouco ou nada lisonjeiras que elas são”. O redator-chefe, em declaração de 12 de junho, frisou que a sua intervenção no jornal se limitava, “exclusivamente, à parte redacional”; quanto ao mais, nenhuma responsabilidade lhe assistia.

     No ano de 1910, tendo Henrique Lins assumido, em novembro, a função de prefeito do município (que já exercera anteriormente), passou Joaquim de Holanda Cavalcanti ao lugar do redator-chefe; depois, ao de diretor, ocupando-o até 16 de dezembro do ano seguinte. Declarou, então, em carta de despedida, que “motivos sobremaneira poderosos” o afastavam da terra natal; por isso, pedia a exclusão do seu nome do cabeçalho. Ficou figurando a linha: “Redatores e colaboradores -diversos”.

     Decerto que não era estranha à atitude do redator-chefe a atuação d’O Lidador como órgão do Partido Republicano, uma vez decaída a política de Rosa e Silva, subindo ao poder, na chefia do governo do Estado, o General Dantas Barreto. Não houve, todavia, solução de continuidade quanto ao proprietário Pedro José de Albuquerque. 

Nova tabela de assinaturas vigorou a partir de janeiro de 1912: ano - 8$000; semestre - 4$000; trimestre - 2$000, custando o número avulso 160 réis.

        Colaboravam no semanário Francisca Izidora, Bartolomeu Anacleto, monsenhor Douetts Urbino Gomes (anagrama de x Romeu Gibson) Mário Galvão, Ribeiro da Silva e outros, em caráter esporádico. A partir de 28 de junho de 1913, a indicação do cabeçalho foi substituida pela seguinte: “Folha Semanária”. Vinha divulgando, também, produções do professor Guedes Alcoforado, a começar pela crônica “Melange”, com a assinatura Ângelo, e foi um dos mais credenciados colaboradores, inclusive através de outros pseudônimos, como, já em 1914, Antenor Gomes, nos comentários sob o título “Na baiuca”. Apareceram Porfirio Chaves e Célio Meira. Este começou firmando crônicas de assunto variado, tendo como títulos, em algarismos, a quantidade de linhas ocupadas, e seu nome, ainda em 1913, subiu para o Expediente, em 1º de novembro, na qualidade de redator. Em 1914, Musael (anagrama de Samuel Campelo) manteve a seção de epigramas “Máscara de Cera”. Sobrevieram as “Cajadadas”, do Coelho crônicas de Leon de Bourgogne, etc. 

     Ao solenizar, em 1915, o 380 aniversário de fundação, lia-se no artigo de fundo: “O Lidador, que, nos últimos anos, longe das tragédias políticas, afastado das lutas religiosas, tem mantido um programa de imprensa moderna ainda não experimentou a sensação mórbida dos recuos, ainda não deixou de patrocinar as causas justas e nem deixará de mostrar, impassível, onde está a verdade, mesmo quando, à sua passagem cintilante, se anteponha a tenebrosa falange dos sábios enfatuados”. 

       No ano em apreço iniciava Guedes Alcoforado as “Questiúnculas” (em torno do vernáculo), acumulando, no ano subseqüente, a série “Epístolas Paternas”, ai feito Antenor Gomes.

         Precisamente no primeiro dia de 1916, iniciava Silvino Lopes sua colaboração n’O Lidador, abrindo a seção “Salpicos”, de “prosa trivial”, segundo classificação dele mesmo, para durar poucos meses, enquanto Célio Meira redigia “Alfinetes” e Musael do Campo fornecia “Pequenas Doses”. Ia aparecendo, por sua vez, o prosador José Miranda, primeiro a usar, junto à assinatura, um 13 entre parênteses, na qualidade de membro da “Academia de Letras dos Supersticiosos”, então fundada e afundada no ano seguinte.

     Uma vez divulgado o nº 37, de 16 de setembro de 1916, ficou suspenso o periódico, em vista de ter-se agravado o estado de saúde do diretor-proprietário Pedro de Albuquerque, cujo falecimento se verificou no dia 22 .

Nota Consoante declaração oral do escritor Manuel de Holanda, que o conheceu pessoalmente, Pedro de Albuquerque pedira, ao adoecer, fosse o seu caixão mortuário

       Reapareceu no dia 2 de fevereiro de 1918, “depois de ano e meio de ausência”, figurando no cabeçalho: “Orgão Noticioso e de Informações” e, noutra linha: “O jornal mais antigo do interior do Estado de Pernambuco”. Propriedade, por arrendamento, de Guedes Filho, funcionando a redação e oficina na rua Alexandre Luna (antiga do Barateiro), 39. 

      Contou O Lidador, na nova fase, da qual existem raros comprovantes, com a colaboração de Célio Meira, autor das crônicas intituladas “Letras Suaves”, depois substituidas pela série “Claves”; de Silvino Lopes ou Mário Marino de Guedes Álcoforado, que redigia as “Notinhas de Português” e, logo mais, a seção “Literatismo”, noutros artigos assinandose Antenor Gomes de César Barreto; Vinicius, o das “Silhuetas”, em sonetos; Mefistófesles, com os “Postais Histéricos”; Baltazar de Oliveira; Genaro Hécio, que não era outro senão Guedes Filho, etc. 

       De 1918 foi último avistado o nº 47, datado de 24 de dezembro.

        Nenhum outro exemplar existe, nas coleções manuseadas, correspondente à fase de Guedes Filho. Foi possível, no entanto, verificar que O Lidador entrou, firme, na campanha da sucessão governamental de 1919, haja vista o que registrou o Jornal do Commercio, do Recife, edição de 8 de agosto, sob o título “Imprensa Ameaçada”. Guedes Filho participara achar-se “perseguido pela policia da Vitória e o seu jornal ameaçado de empastelamento”, por fazer a propaganda da candidatura do Barão de Suassuna. Telegrafou, a respeito, “à Associação Brasileira de Imprensa, no Rio, comunicando as positivas ameaças que tinha recebido e lhe punham “a vida em perigo”. 

        Teria havido nova suspensão. Encontra-se arquivado o nº 7, de 4 de outubro de 1919, sendo Zenóbio Melo arrendatário, diretor-redator-chefe, e gerente Eugênio Melo. Transferira-se a redação, com a oficina, para a rua João Góis, 73. Nova tabela de assinaturas: ano - 10$000; semestre - 5$000; trimestre - 3$000; mês - 1$000. Cobrava, nas “Solicitadas”, 200 réis por linha, dando 50% de abatimento aos assinantes.

     Pouco mais de um mês decorrido, outra modificação ocorreu no cabeçalho, do qual constou: Diretor e proprietário - Quintino Cavalcanti, permanecendo Zenóbio na qualidade de redator-chefe, mas desaparecendo o nome do gerente. Circulou assim, o periódico, até o nº 22, de 17 de janeiro de 1920, ficando novamente suspenso.

     Dezoito meses decorridos, reapareceu O Lidador - nº 1 - a 6 de agosto de 1921, feito órgão de uma Sociedade Anônima, tendo a redação e oficina instaladas na rua Pedro Lins, 155. Diretor-redator - Guedes Alcoforado; redator-secretário - José Miranda. 

formado com exemplares d’O Lidador, o que foi feito

Dormia, conforme o editorial de abertura,

 o seu sono recuperador, para agora despertar, revigorado, e vir assumir a sua nobre posição no alto sólio da imprensa indígena”, acrescentando: O Lidador, a fênix da imprensa vitoriense, tendo sido adquirido por uma Sociedade Anônima, vem requerer, pela terceira vez, o lugar de honra que sempre lhe pertenceu perante o conceito deste povo benemérito e hospitaleiro, que teve a felicidade de assistir aos seus primeiros vagidos e o seguiu, pari-passu, acompanhando os seus ditosos dias de florescência, bem como as suas adversidades e os seus imprevistos.

     Tendo a empresa adquirido novas fontes de tipos, o jornal apresentava melhor aspecto material, nítida impressão, e dedicou três páginas à parte redacional, ficando apenas uma para a de reclames comerciais, O noticiário tomou-se copioso, afora a seção “Várias”, sueltos em vez de editoriais longos, os epigramas de Xis, sob o título “Fica”; “Falar e Escrever” e “Notas Vernáculas”, do mestre Alcoforado, também aparecido, em crônicas e artigos, com os disfarces de A. Chaeté, Floro do Rego e Antenor Gomes. além de assinar sonetos; e a colaboração esparsa de Z. Leite, Agamenon Costa, D. Dias, Honório dos Passos, Phebo, o das “Trovas”; Hélio, M., Jota, Samuel Campelo, etc., afora as produções, também, variadas, de José Miranda ou J. M. Publicava-se, normalmente, aos sábados, divulgando, de vez em quanto, à guisa de estímulo aos relapsos, listas dos assinantes em dia com a Gerência.  

        No decorrer de 1923, o professor Alcoforado criou um curso adiantado da lingua portuguesa, cujos alunos tinham guarida nas colunas do semanário, com produções ligeiras, em prosa ou verso, tais como Alberto Azoubel ou Abel; Alfredo Afonso, o mesmo Aldo Ferreira; Luiz do Nascimento, L. do N. ou Lírio do Norte; Irineu Maciel e Jorge Campelo, este último na função de redator, em que permaneceu até o ano seguinte. Eram outros colaboradores da época: Oscar de Barros, Gastão de Oliveira, Job Velino, Mozart Ferrão, etc.

          Sucedeu que a liberdade da palavra escrita e falada andava muito restrita, o que levou o jornal a publicar um aviso, segundo o qual, em face da lei de imprensa, nenhum artigo de feição editorial serial publicado, desde 24 de novembro de 1923, sem a escolha do assunto e a prévia revisão” do diretor-responsável.

       Retirou-se, porém, Guedes Alcoforado (por ter ido ocupar cargo público em Timbaúba) e, no dia 2 de fevereiro de 1924 - nº 2, ano XLVIII (?) - após o intervalo de uma quinzena, assumia a direção Simplicio de Holanda Cavalcanti. Continuava, segundo o artigo de fundo, “a não se preocupar com o partidarismo político”, sem que isso impedisse o trato dos “problemas administrativos e do estudo dos meios a empregar para resolve-los”. 

    Logo mais, a 29 de março, era o redator-secretário (José Miranda foi fixar residência em Moreno) substituído por José Teixeira de Albuquerque,

já constante colaborador, inclusive de versos românticos e humorísticos, usando os pseudônimos Júlio Thebano e Eu. No ano imediato, desde 21 de fevereiro, viu-se no seu lugar o nome de Manuel de Holanda Cavalcanti Sobrinho, que durou pouco tempo. Vinham ocorrendo produções de Gurjão de Almeida ou G. de A., como se ocultava José Aragão Bezerra Cavalcanti.

         Não era, ainda, firme a posição d’O Lidador, que veio a mostrar-se, a partir de 5 de setembro de 1925, totalmente modificada, constando do cabeçalho: “Hebdomadário Independente”. Redatores - José Augusto de Oliveira e Edgar do Nascimento Valois; gerente - José Alexandre. Tabela de assinaturas: ano - 10$000; semestre - 6$000; trimestre - 3$000.

         Voltava à circulação após ligeiro interregno, lendo-se no editorial de abertura: “Obedecendo a uma nova orientação e talhado em modos diferentes, surge uma fase nova, que, se não conta a emprestar-lhe valia o mérito de jornalistas consumados, tem, ao menos, a vivificá-la, cada vez mais, a energia e a tenacidade de quem jamais soube esmorecer e baquear defrontando o pessimismo dos incrédulos e as perfidias dos mal intencionados”

      Passou a sair com seis páginas, alentadas por grande messe de anúncios. Prosseguindo regularmente, veio a dar sua maior edição no dia 3 de agosto de 1926, num total de 12 páginas, em homenagem ao tricentenário da cidade, a primeira das quais ilustrada com alegoria alusiva, sugestivo desenho de Paula Judeu (pseudônimo do jornalista recifense Osvaldo de Almeida). Inseriu, no texto, boa colaboração sobre a data.

    Voltou, em 1927, ao regime de quatro páginas. Mas a edição de 12 de junho apresentou-se com oito, impressas a cores, comemorando o cinqüentenário da fundação . Divulgou colaboração especial de Nehemias Gueiros, que focalizou “A Impressa de Vitória”; Prudenciano de Lemos, Henrique Lins, Manuel de Holanda, Célio Meira, José Miranda e André Lino. Quase toda uma página foi dedicada, com o respectivo clichê, à memória do redator José Augusto, médico falecido em maio do ano anterior, cujo nome permaneceu no cabeçalho durante alguns anos, em sinal de homenagem.

        Sem outras alterações, continuou a existência d’ O Lidador redigido, com apuro, pela dupla Edgar Valois - José Alexandre.   

Nota os dirigentes d’O Lidador continuavam e continuaram, ainda por todo o tempo, a manter a ilusão de que o jornal tinha sido fundado em 1877, engano que foi cabalinente esclarecido pelo historiógrafo José Aragão, no seu estudo e documentário “A Imprensa Periódica na Vitória de Santo Antão”, inserto no Vol. 1, ano dc 1954, da Revista do Instituto Histórico da Vitória de Santo Antão.

     Atingindo o ano de 1932, sem ter havido nenhuma interrupção, transferiu-se a sede da redação e oficinas para a Avenida 15 de Novembro, 121, aí sofrendo algumas reformas, inclusive juntando ao material gráfico toda a tipagem do periódico O Popular, que se publicara (em 2ª fase) de 1927 a 1930, adquirida por compra. Noticiando a transformação, foram os leitores advertidos, na edição de 12 de março, de que a direção tinha resolvido “cobrar, em ajuste prévio a publicação de reclames, convites, editais, avisos ou quaisquer outras publicações de propaganda”. 

         Uma quinzena decorrida, passou a constar do expediente: “Orgão dos Interesses do Município”, ficando a equipe responsável assim constituida: Redatores - José Alexandre (de Barros Correia) e Edgar Valois; diretorgerente - José Miranda; chefe da Seção Comercial - Henrique de Holanda, cuja atuação durou poucos meses, continuando ele a parecer na qualidade de colaborador, tanto em prosa quanto no setor da poesia. Mudou-se o clichê do título e criou-se, na tabela de assinaturas, a parcela: Para fora da cidade: ano - 12$000; semestre - 7$000, algum tempo depois generalizada. Comentando as reformas por que passara o semanário, concluiu a redação: “...ontem como hoje, O Lidador está a serviço da causa pública, sem desfalecimentos e sem se arredar deste princípio: tudo pela Vitória e para a Vitória”.

      Melhorou, realmente, a parte redacional, que destinou suas páginas, internas aos anúncios, demais matéria paga e publicações oficiais da Prefeitura. Variavam as edições, ora quatro ora seis páginas. Estas adotaram seis colunas estreitas de composição, em vez das cinco habituais.

        Certo acontecimento fez com que, no dia 23 de julho do referido 1932, ocorresse uma 2ª edição, caso único em toda a existência do jornal, horas após a circulação do número do dia. É que precisou desmentir boatos tendenciosos de haver irrompido uma revolução no Rio Grande do Norte, paralela ao levante constitucionalista de São Paulo, boatos que a primeira edição transformara em notícia. Não, o Estado potiguar achavase em paz. O Lidador ficava de pé ante os leitores.

        Filiou-se, a 2 de dezembro de 1933, à Associação da Imprensa do Interior de Pernambuco. A partir de janeiro de 1934, o diretor-gerente José Miranda foi promovido a diretor-redator-chefe, sem alterar-se a posição dos dois redatores. No ano em apreço, a edição de 12 de dezembro, com 10 páginas, foi dedicada ao III Congresso de Jornalistas do Interior, realizado na cidade da Vitória. 

         Em 1935 restabeleceu-se a praxe de quatro páginas cada sábado. No mês de agosto do ano seguinte, era noticiada a posse do prefeito eleito do município, o imperturbável José Alexandre, que já ocupara o cargo após a Revolução de 1930. Mas só governou até o golpe militar de 1937.

Enquanto ocupava a Prefeitura, não deixou de figurar como redator. Ao invés, afastou-se o outro: Edgar Valois, em setembro de 1936.

  A maior edição d’O Lidador - 30 páginas, em dois cadernos - verificou-se a 12 de junho de 1937, comemorando o LX (?) aniversário de sua fundação, para vender o exemplar, excepcionalmente, a 1$000. De frente via-se uma alegoria (gravura de João de Barros) em honra ao evento, ostentando as datas 1877/1937, ladeada pelo soneto “Homenagem de Vitória”, de Teixeira de Albuquerque. No texto, o artigo “60 anos”(?), ilustrado com clichê do diretor José Miranda, seguido de artigos de Baulino Belém, Manuel de Holanda, Mário Castro, dr. João Correia, Miguel Jasselli, Henrique Lins, Nestor de Holanda Neto, Antonio Vilaça, Guedes Alcoforado, Marta de Holanda, M. Martins, J. Lourenço e outros, e poesias de Henrique e Risoleta de Holanda, Sonia F. Gourvitz, Luiz Peixoto, Cícero Barreto, Mário Barros, etc. 

       Seguiu pelos anos afora, quase que unicamente dedicado ao noticiário e à parte comercial, de vez em quando inserindo crônica ou poesia assinada por José Miranda e, mais raro, um soneto de João Poeta, o mesmo dos “Pinguinhos”, croniqueta das “Sociais”. Em setembro de 1941, a redação e oficinas foram transferidas para a rua Pedro Lins (antiga da Paz), 46. Em junho de 1943 surgiu nova tabela de assinaturas (já substituído o mil réis pelo cruzeiro); ano Cr$ 15,00; semestre - Cr$ 8,00; trimestre - Cr$ 4,00; mês - Cr$ 1,50. O custo do número avulso, que se estabalizara em Cr$ 0,30, elevou-se para Cr$ 0,50. 

      A monotonia do periódico foi quebrada no período de 1942/45, quando se via, perdido entre anúncios e mal arrumadas notícias, o epigrama “Humoradas”, de Maraval. No segundo semestre de 1946, aparecia um signatário de artigos concisos e bem elaborados: Alfredo Sotero. Depois, vinha José Mixto de Oliveira com artigos políticos. 

         Era angustiosa a situação financeira do órgão mais antigo em circulação no interior... do país. O“encarecimento permanente das coisas” e a necessidade de melhorar o nível dos que trabalhavam na tipografia levaram a direção a adorar, em 1946, outra tabela de preços para os assinantes, apesar de irrisória, a saber: ano - Cr$ 17,00; semestre - Cr$ 9,00; trimestre - Cr$ 5,00. Em dezembro do ano mencionado, mudava-se a tipografa para a rua Rui Barbosa, 46.

       Desde muito, vinha a direção apelando para os assinantes relapsos; que aparecessem, saldassem suas contas cada ano, ou então deixariam de receber o jornal. Daí, a precariedade das condições da empresa. Em janeiro de 1947, mais Cr$ 1,00 foi adicionado ao custo da anualidade e do semestre, passando o exemplar a vender-se a Cr$ 0,60.

   Indo ao encontro da situação, o deputado José Mixto justificou, em julho de 1949, um pedido de auxílio de Cr$ 15.000,00 à empresa, que estava em via de extinguir-se devido à falta de meios, “faltando-lhe máquinas e restauração inadiável das existentes, bem como a substituição dos seus tipos” que, usados por tantos anos, já não se prestavam “para o serviço de impressão”

         A propósito, comentou o jornalista Samuel Campelo, a 4 de agosto, no Diario de Pernambuco: “Quinze mil cruzeiros representam, no máximo, uma esmola para O Lidador, e não foi este, de certo, o pensamento do deputado José Mixto, quando propôs se assegurasse a continuidade existencial do hebdomadário que, pelo seu tempo de vida, já se tomou um patrimônio das tradições culturais, não só de Vitória, mas de todo Pernambuco”. Solicitou ao parlamentar que, se ainda possível, aumentasse o auxílio ao periódico, “capacitando-o a aparelhar-se eficientemente para prosseguir a jornada em demanda do seu centenário”. 

  Lei aprovada, lei sancionada, na hora do pagamento a Fazenda do Estado ainda reduziu a intima verba para Cr$ 7.500,00.

          Novos apelos eram, enquanto isto, dirigidos aos leitores que liam e não pagavam. Em janeiro de 1952 ocorreu novo aumento na tabela de assinaturas, que seriam, por segurança, cobradas adiantadamente, na seguinte base: ano - Cr$ 30,00; semestre - Cr$ 18,00. Ao iniciar-se 1954 mudou para Cr$ 40,00 e Cr$ 20,00, respectivamente, custando Cr$ 1,00 o número avulso.

       A partir de 1953 via-se O Lidador ostentando lisonjeiro aspecto material, uma vez que adiquirira tipagem nova, em substiutição às sua fontes gastas, obsoletas, imprestáveis. Apareciam artigos em composição de duas colunas, às vezes penetrados de política regional, a par de crônicas memoralistas do incansável José Miranda. Assim atingiu 1954, fazendo, inclusive, a propaganda da candidatura dos vitorienses João Cleofas, ao governo do Estado, e José Mixto de Oliveira a uma cadeira na Assembléia Legislativa.

     A atuação de José Alexandre no semanário, desde 1925, primeiro como gerente, depois feito redator, terminou a 27 de dezembro de 1952,

Nota. Retrato absolutamente fiel da vida cheia de embaraços do seu jornal, proporcionou-o José Miranda, no artigo “Os 74 anos d’O Lidador”, inserto na edição do Jornal do Commercio, do Recife, a 14 de junho de 1951. Dele consta o tópico a seguir: “Se já não encerrou sua vida, como os outros, vencido, agradeço ao meu demasiado esforço, à minha abnegação, uma vez que tenho o velho órgão como parte de meu eu na soberania cultural e cívica da terra de Tabocas doutros tempos. O Lídador é feito por mim, como não o fez José Maciel nem Pedro de Albuquerque. É feito, às vezes, com parte das minhas economias e pelas minhas mãos passando boa soma do trabalho do seu feitio gráfico também”. Aliás, o artigo em tela, além do erro contido no título (“74 anos” em lugar de 71), apresenta diversos lapsos de memória do realmente dedicado jornalista, inclusive a declaração de que O Lidador “fora o terceiro órgão vitoriense”, quando foi o 12º.

quando saiu o seu nome do cabeçalho. José Miranda, que assumira a direção em 1932, permaneceu indefinidamente, encampando, por fim, todos os encargos do jornal, da redação à gerência. 

  O último O Lidador de 1954 foi o nº51, ano LXXVH87 - na realidade, ano LXX1V - datado de 25 de dezembro88 (Biblioteca Pública do Estado e Instituto Hist. de Vitória).



 


A CONVICÇÃO

     Órgão Liberal, Agrícola e Comercial. Revista Semanária - Saiu a lume no dia 27 de setembro de 1879, em formato 38 x 27, com quatro páginas de três colunas, impresso em tipografia própria, na rua Imperial, 47. Proprietário e redator principal - Ulisses Ponce de Leon. Assinaturas: ano -12$000; trimestre - 3$000. Dizia, ainda, o expediente: “Aceita-se correspondências particulares competentemente legalizadas e por prévio ajuste; anúncios - 100 réis por linha; metade para os assinantes”.

   “Humilde e despretensioso”, segundo o artigo de apresentação, seu objetivo era “defender os interesses gerais da comarca e servir de eco aos oprimidos, que em suas colunas encontrarão o mais sincero e franco apoio”.

   Depois de amplas considerações a respeito da necessidade de se imprimirem mais jornais na cidade, já tão desenvolvida em sua vitalidade, escreveu U., em conclusão, dedicando o periódico à causa liberal:

Se o consagrarmos à política, é porém à idéia e não à paixão partidária, não às vinganças e ódios, não ao adversário pessoal, de que sempre fugiremos; porque, outra é a missão da imprensa, irmã da liberdade, e não temos queda para a intriga. A Convicção, surgindo no mundo do jornalismo, pede vênia e saúda a imprensa liberal, a imprensa brasileira, a imprensa, enfim, de todas as nações.

 Copioso noticiário completou a edição, sendo de anúncios a quarta página.

  Outro exemplar manuseado foi o nº 20, de 10 de julho de 1880, cuja primeira página se apresentou circulada de tarja, lendo-se, ao centro, encimada por uma cruz, concisa nota sobre a hecatombe de 27 de junho, luma data fatal, uma data inesquecível, uma data memorável, o luto, a dor, a tristeza e a ignomínia”. A segunda página estampou pormenorizada notícia das ocorrências políticas da cidade, de que foi teatro a Igreja de N.S. do Rosário, provocadas pela ala liberal dos “leões” e de que resultaram diversos mortos e feridos (Biblioteca Pública do Estado). 

  Não existem mais comprovantes. Segundo os Anais, de Alfredo de Carvalho, a publicação atingiu o nº 14, do ano I, a 27 de dezembro, saindo mais 45 números entre 3 de janeiro e 31 de dezembro de 1880 e 12 entre 29 de janeiro e 26 de agosto de 1881. 

JORNAL DA VICTÓRIA

     Segundo o Diário de Pernambuco de 11 de agosto de 1879, acabaca de encetar-se a publicação do novo órgão, que se dizia democrático. Nenhum outro pormenor. 

        Dele existe, apenas, um comprovante, entre os avulsos da Biblioteca Pública do Estado: o nº 1, ano II, de 3 de janeiro de 1880, impresso em amplo formato 45 x 29, com excesso de margens em branco. Quatro páginas. Não lisonjeiro aspecto material. Redator não identificado. 

         Sua matéria constou de editorial, em que o articulista, focalizando 1879, disse que foi um ano “das mais lamentáveis consequências, das mais duras provações para a humanidade” e que a lavoura só não foi mais sacrificada devido ao auxilio e esforços do “patriótico governo liberal”; o folhetim “Evangelina”, de Heitor da Silva, já no 16º; comentários ligeiros; noticiário e a última página de anúncios.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

IDÉA CONSERVADORA

 “É este o título de um novo periódico que começou a ser publicado na cidade da Vitória. Declara, em seu artigo de apresentação, que “está dispensado de exibir um programa, pois o seu título e mais ainda o fato de ser órgão do Partido Conservador victoriense mostram claramente os fins a que ele se destina”.

 À notícia acima, acusando o recebimento da edição de estréia, acrescentou A Província, do Recife, edição de 12 de junho de 1876, verrinosamente: É bem verdade que a imprensa conservadora não tem que assinalar princípios; seu único fim é sustentar o Partido Conservador, cujas únicas aspirações reduzem-se simplesmente ao gozo do poder”. 

Seguiu-se a publicação, semanalmente, existindo comprovante do nº 12, de 16 de setembro do referido ano, com quatro páginas, formato médio, impresso em papel amarelo, na tipografia do diretor José de Oliveira Maciel do Rego Barros, Situada à rua Cruz das Almas, 47. Abaixo do título, a designação de “órgão do Partido Conservador”. Assinava-se a 12$000 anuais, custando 240 réis o número avulso. Aceitava com agrado escritos de interesse do Partido; mas os de interesse particular, só mediante ajuste. Anúncios a 80 réis por linha; para os assinantes - 40 réis e grátis as demais vezes. 

A matéria da edição constou de artigo de polêmica contra O Liberal Victoriense folhetim, em rodapé, assinado por O Poeta João Lourenço; artigo de defesa do Juiz de Direito Marcos Tamarindo e de ataque ao Juiz Municipal Nicolau Lima; noticiário e toda a última página de anúncios. 

Das outras edições foram avistadas, evidenciando que a Idéa Conservadora teve existência dilatada: o nº 5, ano IV, de 22 de fevereiro de 1879, e o nº 8, de 22 de março do mesmo ano, cujo editorial elogiava a situação do Partido Conservador, “o realizador das idéais nacionais e o paládio das liberdades públicas (Biblioteca Pública do Estado).link

O POPULAR DA VICTORIA

  Noticiou-lhe o aparecimento o Jornal do Recife, edição de 6 de maio de 1876, acrescentando: “E folha periódica, consagrada aos interesses do povo e redigida pelo Sr. José de Oliveira Maciel do Rego Barros”. Não foi possível obter outros pormenores.link

O REFORMISTA

 Jornal Politico, Noticioso e Comercial - Impresso nas oficinas gráficas d’O Município, em pequeno formato, “o nº 1, saiu a 12 de junho (1874) e o nº 17 (último?) a 4 de setembro. Semanal. Trimestre - 3$000”(Informações “Anais”).link

O MUNICÍPIO

 Hebdomadário Imparcial, Noticioso, Critico e Comercial - Tendo aparecido pouco depois do precedente, só resta comprovante do nº 41, ano I, de 14 de fevereiro de 1874, apresentado em formato 44 x 30, com quatro páginas de três colunas de 15 cíceros. Redator e proprietário - José de Oliveira Maciel do Rego Barros. Impresso

Entretanto, viu-se que ocorreram edições d’O Victoriense em maio de 1874 e de maio a agosto de 1875, o que dá a entender, nada obstante a deficiência de comprovantes, dc parte a parte, que os dois semanários circulavam concomitantcmente.

em tipografia própria, situada á rua Imperial, 20. Assinatura trimestral - 3$000.

  Seu sumário constou de artigos de João Antonio de Miranda, Libânio Presídio de Carvalho e Um Seu Conhecido, todos tratando de questões pessoais; “Fatos Locais”; “Agricultura”; “Revista Noticiosa”, etc. Quase sem anúncios (Biblioteca Instituto Hist. de Vitória). 

Outro exemplar encontrado foi o nº 115, datado de 4 de setembro de 1875, que teria sido o último posto em circulação. Acompanhou o ritmo de matéria variada (Biblioteca Pública do Estado).link

A LIBERDADE

  Periódico Politico, Noticioso e Comercial - Circulou o nº 2 no dia 18 de janeiro de 1873, em formato 36 x 26, com quatro páginas de quatro colunas, impresso na tipografia da rua Imperial, 20. Editor-proprietário - José de Oliveira Maciel do Rego Barros. Assinava-se a 3$000 por trimestre, sendo a publicação semanal. A edição estampou editorial contra o partido “administrativo” e a política do personalismo, seguindo-se literatura, noticiário e anúncios. 

Circulou até o nº 9 (segundo exemplar existente), datado de 8 de março. De sua matéria destacaram-se artigos sobre a Fala do Trono e sátiras contra o Correio de Santo Antão (Biblioteca Pública do Estado).link

CORREIO DE SANTO ANTÃO

  Jornal Politico, Noticioso e Comercial - Iniciou sua publicação em janeiro de 1871, em substituição a O Victoriense, conforme o registro dos “Anais”, de Alfredo Carvalho80 .

80 O historiador focalizou o Correio de Santo Antão como tendo existido, na qualidade de substituto, “até 1876” (pág. 319 dos “Anais”) ou até “dezembro de 1975” (pág. 336). 

Prosseguiu, alguns anos afora, dele restando raros exemplares. O nº 45, ano V, circulou a 11 de novembro de 1871, em formato 47 x 31, com quatro páginas a quatro colunas de 14 cíceros. Propriedade de Antão Borges Alves, que era também redator, imprimia-se em tipografia própria, situada na rua Imperial, 27. Semanário, assinava-se a 3$000 por trimestre, pagos adiantamente. Anúncios - 100 réis a linha.

 A edição em apreço inseriu editorial, noticiário, variedades, soneto de A.P.C.A., audiências do juiz municipal e deu início ao folhetim, em rodapé, “Amélia”, com a assinatura “de um nosso amigo”. Toda uma página de reclames comerciais.

Outro comprovante manuseado: nº 17, ano VII, de 26 de abril de 1873, do qual constava a seguinte tabela de assinaturas: ano 12$000; semestre - 6$000; trimestre - 3$000. Ocupou toda a primeira página o começo da matéria intitulada “Traços biográficos do Comendador Tiburtino Pinto Almeida”, seguindo-se “Gazetilha”, “A pedidos” e o folhetinm (já na 32 parte) “As três irmãs”, de Camilo Castelo Branco.

 Ainda: um exemplar (mutilado), de 3 de outubro de 1873, e o nº 53, ano VII, de 17 de janeiro de 1874, acompanhando o ritmo anterior Biblioteca do Instituto Hist. de Vitória).

Na Biblioteca Pública do Estado, existe, finalmente, entre os avulsos, o Correio de Santo Antão de nº 50, ano V (?), de 16 de dezembro de 1875.link aqui 

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

O LIBERAL VICTORIENSE

Semanário Democrático e Literário - Noticiou o Jornal do Recife, de 14 de maio de 1869, haver sido obsequiado, "pela respectiva redação, com o primeiro número" da nova folha, publicado no dia 8. Sucedendo a O Echo Liberal, imprimiu-se na mesma tipografia, sob a direção de Manuel Bernardo Gomes Silvério. Apresentava o slogan: "Quando a liberdade periga, todo cidadão deve ser um revolucionário".

Jornal de vida extensa, dele só existem, na Biblioteca Pública do Estado, dois comprovantes: nº 5, ano V, de 19 de maio de 1873, não mais exibindo o slogan e com editorial de crítica a O Município, e nº 164, ano VIII, de 27 de janeiro de 1877. Tinha bom formato 36 x 27, com quatro páginas a quatro colunas de composição. Assinava-se a 10$000 por anualidade, acrescidos de 2$000 para fora da cidade; o semestre a 6$000 e o trimestre a 3$000.

O mencionado nº 164 atacou, avidamente, o Juiz de Direito local, 129 Marcos Correia da Câmara Tamarindo, que tinha cobertura de defesa por parte do periódico Idéa Conservadora. Duas páginas da edição eram dedicadas a anúncios.

Embora Alfredo de Carvalho tenha registrado, nos "Anais", que O Liberal Victoriense só viveu até meados de 1877, a publicação foi mais além. Existe, por exemplo, na biblioteca do Instituto Histórico de Vitória de Santo Antão, comprovante do nº 208, ano IX, de 6 de abril de 1878, em formato 48 x 32, com quatro páginas a quatro colunas de 14 cíceros. Constava do cabeçalho, abaixo do título: "Semanário Democrático, Noticioso e Literário, dedicado aos Interesses do Povo pernambucano".

Abriu a edição o editorial "O Gabinete Liberal", atacando os "conservadores perdidos na opinião, gastos e corrompidos que a todo transe se querem filiar à democracia, tendo somente em vista o interesse pessoal". Concluiu, após uma série de considerações: "O Liberal Victoriense que, por força das circunstâncias, tinha-se eclipsado entre as brancas nuvens da liberdade, volta ao seu antigo posto de honra, equipado de carabina ao ombro".

Seguiu-se matéria de rotina, complementando-a duas páginas de reclames comerciais.

Ainda mais: A Província, do Recife, louvando o jornalista Manuel Bernardo Gomes Silvério, "esforçado paladino da imprensa liberal na cidade da Vitória", em sua edição de 9 de maio de 1878, reproduziu o artigo comemorativo da edição de aniversário d'O Liberal Victoriense, acompanhando-lhe o erro de "dez anos", em lugar de nove. Dele vão aqui transcritos os tópicos principais, que definem até onde afirmava o idealismo de um homem devotado à sua causa e ao seu jornal:

"Dez anos de existência completa a nossa gazeta. Contamos dez anos de sacrifícios, vexames e contrariedades; até o próprio sangue serviu de holocausto aos assassinos que policiavam esta vitória em 1868, cujos remorsos e crimes trucidam-lhes as negras almas. Nunca vimos perigos que não os agrontássemos, embora cercados de ameaças e perseguições. Muitas vezes tentaram rebentar a nossa imprensa; repetidas vezes tentaram também contra a nossa existência; porém, para desesperá-los de raiva, para cauterizar tão cancerosas chagas, pouco valor dávamos à vida; lutamos desesperadamente. A nossa tenacidade era aplaudida pela imprensa democrática do país". LINK

O ECHO LIBERAL

Periódico Político e Noticioso - Impresso em tipografia instalada á rua Imperial, 20, "o nº 1 do ano I saiu a 19 de setembro de 1868 e a publicação perdurou até fins de abril de 1869". É o que consta dos "Anais", de Alfredo de Carvalho, não restando

Nota 79 O Victoriense voltou a publicar-se, por alguns meses, em 1956, feito órgão do Instituto Histórico de Vitória de Santo Antão, ao qual José Aragão transferiu os direitos adquiridos. Reaparecendo em 1965, comemorou, no ano seguinte, o centenário de sua fundação.

comprovantes. Acusando o recebimento do nº 2, o periódico A Opinião Nacional, do Recife, em sua edição. de 7 de outubro, confirmou que era proprietário da folha liberal Manuel Bernardo Gomes Silvério. O mesmo órgão recifense, a 14 de janeiro de 1869, ao referir-se à publicação do nº 1, ano II, d' O Echo Liberal, acrescentou: "Sentimos profundamente o desacato que sofreu o seu proprietário e redator, vítima, como tantos outros campeões da imprensa nestes tempos de harmonia dos brasileiros, das infâmias dos agentes do governo". A ocorrência, verificada às 19 horas do dia 23 de dezembro, foi assim narrada pelo diário O Liberal, também do Recife, edição de 16 de janeiro de 1869:

De um grupo onde se achava o subdelegado saiu um soldado, quando passava o paciente para sua casa, e a poucos passos espancou-o cruelmente, deixando-o cortado pelos peitos com o azorrague de que estava premunido, sem haver um só dentre tantos que acercavam o subdelegado que o fosse tirar das mãos do algoz, o qual, depois de cometido o crime, voltou, mansa e pacificamente, ao seu primitivo lugar.

Acentuou o narrador que a gazeta victoriense havia falado do subdelegado, "publicando alguns fatos criminosos que lhe eram atribuidos". O ofendido dirigiu-se à capital do Estado, apresentando queixa ao Conde de Baependy, presidente da Província. Chamava-se João de Góis a atrabiliária autoridade policial, que houvera, inclusive, ameaçado empastelar a tipografia onde se imprimia o jornal de Gomes Silvério. LINK

O LIDADOR

      Hebdomadário Político, Noticioso e Comercial - Entrou em circulação no dia 12 de junho de 188081, mas o primeiro número avistado foi o...